Letícia Thompson
Não sei se saudade tem cor.
Dizem que sim.
O que eu sei é que ela tem forma.
Tem gosto.
Tem cheiro.
E peso também.
E, acreditem, ela tem asas!!!
Se não, como nos transportaria tantas vezes a lugares tão distantes?
E sei ainda que ela se agiganta quando mais tentamos diminuí-la.
Sei que ela dói de dor intensa e sem remédio.
Se não fosse ela, não sei se teríamos consciência do tamanho da importância das pessoas pra gente.
Porque quando amamos alguém, a saudade já chega por antecipação, sorrateira, disfarçada de algo que não conseguimos decifrar.
É aquela dor fininha de não sei o quê, a angústia boba que nos invade só de imaginar a separação.
E a gente fica meio sem saber o que fazer.
Mas é assim... é uma dor que gostamos de sentir, um sabor que queremos provar, é algo que não sabemos explicar, mas é quase palpável.
É amor disfarçado de muita coisa.
São emoções guardadas bem lá no fundo.
Saudade... do que foi e do que vai ser.
Saudade que nos acompanha pra diminuir a solidão e que nos mostra, sobretudo, que estamos vivos.
Aprendi ainda que saudade não mata.
É só quase.
A gente pensa que vai morrer, mas sobrevive sempre, porque ela traz escondidinha
nela uma outra coisa que chamamos de esperança, que nos ajuda a caminhar, porque saudade, como o amor, não é cega, saudade vê mais além.